segunda-feira, 5 de outubro de 2009




O TEMPO

Reginaldo Bessa

O tempo não é, minha amiga
Aquilo que você pensou
As festas, as fotos antigas
As coisas que você guardou

Os trastes, os móveis, as tranças
Os vinhos, os velhos cristais
As doces canções de crianças
Lembranças, lembranças demais

Você vem deitar no meu ombro
Querendo de novo ficar
Eu olho e até me assombro
Como pode este tempo passar

O tempo é areia que escapa
Até entre os dedos do amor
Depois, é o vazio, é o nada
É areia que o vento levou

O medo correndo nas veias
Deixou tanta vida pra trás
E a gente ficou de mãos cheias
Com coisas que não valem mais

E fica um gosto de usado
Naquilo que nem se provou
A gente dormiu acordado
E o tempo depressa passou

O tempo não pára no porto
Não apita na curva
Não espera ninguém

Nenhum comentário:

Postar um comentário